História da Ribeira Chã
A Ribeira Chã, povoação muito antiga, deve o seu nome à ribeira que corre nas suas proximidades e que desagua no mar, por uma grota coberta de lajes rasas ou chães. Até ao século XVII, era apenas um local onde se ia caçar galinhas da Guiné, sendo poucos os que se fixavam neste lugar, devido à difícil acessibilidade. Fixaram-se apenas aqueles que preferiram dedicar o seu trabalho à caça e à cultura do pastel, que teve um grande relevo e importância para a economia açoriana durante os séculos XV e XVI.
O primeiro aglomerado populacional só surgiu em 1637. Nessa altura, o lugar da Ribeira Chã contava com 150 habitantes. No ano de 1725, foi dotada de uma pequena Ermida, dedicada a Nossa Senhora da Ajuda, mandada construir, com a licença do Bispo Dom Manuel Álvares da Costa, pelo casal José Botelho Veloso e Francisca Frias, junto da sua casa. A Ermida foi construída para que todos os habitantes do lugar da Ribeira Chã pudessem assistir à Santa Eucaristia, sem que fossem obrigados a caminhar cerca de 2,4 km até à Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, em Água de Pau, por via de atalhos e caminhos tortuosos, o que se tornava ainda mais difícil em dias de chuva, vento ou calor.
Em 1956, chega um novo cura, natural da Ilha de S. Jorge e de seu nome João Caetano Flores, que veio a tornar-se numa figura central na história da Ribeira Chã. Ele revolucionou por completo o pequeno lugar, dando início a uma jornada em direção à promoção e ao progresso. Em 1962, é inaugurada a nova estrada da Ribeira Chã e, a partir de 1963, as carreiras de autocarro passaram a ligar a Ribeira Chã à freguesia de N. Sra do Rosário, três vezes ao dia.
Em 1964, é iniciada a demolição da antiga Ermida de S. José, ao mesmo tempo que se constrói a nova Igreja. Com estilo moderno e que foi inaugurada em 1967.
Um projeto da autoria do Arquiteto Read Teixeira, que integra um mosaico da autoria do Pintor Tomás Borba Vieira.
Antes disso, no ano de 1965, havia sido inaugurada a Biblioteca e a Cantina Paroquial. Em 18 de Maio de 1966, através do Decreto-Lei nº 47014, a Ribeira Chã é elevada a freguesia e ao mesmo tempo é criada a Paróquia com o mesmo nome.
Até à sua morte, em 1998, o Padre Flores inaugurou e criou três núcleos museológicos. Dois deles nos anos 80, o Quintal Etnográfico e o Museu de Arte Sacra e Etnografia, e já nos anos 90 a Casa Museu Maria dos Anjos Melo.
Por tudo isso, podemos afirmar que a Ribeira Chã sendo tão pequena trabalhou muito para se conseguir afirmar. Foi um trabalho de grande dedicação e de grande paixão conseguido por toda a comunidade. Este é o principal segredo desta freguesia.
Tão perto do mar este igualmente próxima da serra. Esta faz sombra e completa o encantador cenário. Sem os requintes e a azáfama dos grandes centros, a Ribeira Chã é terra recatada que faz valer as suas tradições e tira partido do seu património natural, conferindo-lhe o estatuto de um espólio valioso onde cada decisão ou intervenção tem como principal objetivo, salvaguardar.